sexta-feira, 15 de março de 2013


REVISTA CAROS AMIGOS

IDEIAS DE BOTEQUIM
Dicas sobre lançamentos importantes no campo das letras progressistas.
Renato Pompeu



OBRA IMPORTANTE DO MARXISMO, AFINAL TRADUZIDA DO ORIGINAL
Se os neoliberais como a antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher defendem com denodo a tese de que a sociedade não existe concretamente, e sim que só existem indivíduos que interagem entre si sem terem de se inserir em relações sociais a não ser pelos livres contratos e acordos entre indivíduos e grupos de indivíduos, uma tese seminal da tradição iniciada por Marx é de que o ser humano é um ser social, e o que cabe discutir é se cada ser humano é “portador” das relações sociais, como queria Marx, isto é, seria capaz de transformar essas relações, ou se cada ser humano é um simples “suporte” das relações sociais, como queria o filósofo francês Louis Althusser, isto é, todas as ações humanas seriam determinadas por mecanismos materiais externas à sua consciência (e inclusive ao chamado inconsciente).
Trata-se de um problema crucial, e agora surge no Brasil, pela Boitempo, pela primeira vez em tradução diretamente do original alemão, a obra fundamental que discutiu esse assunto, Para uma ontologia do ser social, do filósofo húngaro György Lukács. É um trabalho audaz, de uma ousadia inaudita, pois a esmagadora maioria dos filósofos só considerava possível fazer uma ontologia do “ser” em geral, e assim o empreendimento de Lukács é um verdadeiro desafio. A tradução está primorosa, feita por Mario Duayer e Nélio Schneider, que aproveitaram os trechos em português anteriormente traduzidos por Carlos Nelson Coutinho a partir de uma edição em italiano, mas cotejando rigorosamente esses trechos com o original alemão. A tradução foi ainda revista tecnicamente por Ronaldo Vielmi Fortes, Ester Vaisman e Elcemir Poço Cunha.
A Editora da Unesp se vem firmando como a principal publicadora universitária do País, sempre com obras de vanguarda. Um exemplo é  o importante livro A sacralidade da pessoa – Nova genealogia dos direitos humanos do pesquisador alemão Hans Joas. Ele discute até que ponto a noção de direitos humanos é, como se pensa tradicionalmente, uma criação do racionalismo do século 18, ou se mesmo esse racionalismo, que afinal surgiu no Ocidente e não no Oriente, não está relacionado com a tradição cristã em que se formaram inicialmente os grandes pensadores racionalistas.
Uma discussão bastante oportuna na nossa época, em que os diferentes fundamentalismos religiosos, tanto ocidentais como orientais, têm procurado atacar os direitos humanos, principalmente dos seres humanos considerados “infiéis”. Mais do que uma história dos direitos humanos, o livro é um debate sobre a legitimidade e a legitimação desses direitos.
Finalmente, no capítulo das amenidades, temos pela Global o romance policial Damas turcas, que se passa em São Paulo, de autoria de nosso antigo colaborador Carlos Castelo. Ele inova no gênero ao criar um personagem publicitário, que ajuda seu amigo policial civil a desvendar crimes, baseado numa técnica de investigação derivada das técnicas de pesquisa publicitária.
Renato Pompeu é jornalista e escritor.

O próximo livro que você vai ler está na Loja Caros Amigos. Confira.

Nenhum comentário: