quinta-feira, 22 de março de 2012

O Linguiceiro da Rua do Arvoredo



1863, Porto Alegre

O açougueiro José Ramos,
um homem elegante e viajado, que frequentava as casas de ópera da
cidade e tinha excelente gosto musical, fazia sucesso entre a população
com a venda de linguiças que ele e a mulher, Catarina Pulse, preparavam.
O que ninguém sabia é que o ingrediente principal da referida iguaria
era a carne das vítimas do casal, seduzidas pela promessa de uma noite
de luxúria com Catarina. No matadouro disfarçado de alcova, as vítimas
eram distraídas com conversa inebriante e recebiam boa comida e boa
bebida - além de um golpe certeiro de machadinha desferido por Ramos,
que abria suas cabeças de alto a baixo.

Catarina era húngara, quando da invasão dos russos, voi violentada em
série, por um pelotão inteiro. Emigrou para o Brasil, onde casou com
Clausner, que era açougueiro na província. Conhece então José Ramos,
homem bem apessoado, que gosta de teatro e Ópera,juntos assassinam
Clausner e tomam posse do açougue. José Ramos é obcecado por ser
parricida - matou o pai - e segue pela vida matando quem lhe aprouver,
pelo desejo e satisfação da degola. O fato de transformar as vítimas
em linguiça era apenas uma maneira de se livrar dos corpos sem despertar
suspeitas. Os ossos eram colocados em ácido.

Segundo
alguns depoimentos, Catarina atraía algumas das vítimas, pelos seus
dotes de beleza, para que o marido assassinasse. Tal era feito por José
Ramos com uma machadada no centro da cabeça, seguido por degola.

Com a ajuda de Carlos
Claussner, o açougueiro Ramos degolava, esquartejava, descarnava,
fatiava e guardava as vítimas em baús, moendo-as aos poucos e
transformando-as nas famosas linguiças, que eram vendidas em seu açougue. Com o moedor, ele fazia guisado da carne e
preparava o produto, oferecido para toda a cidade em seu açougue da rua
da Ponte (hoje Riachuelo, fundos da Igreja Nossa Senhora das Dores).
Consta que a lingüiça de José Ramos era muito apreciada.

Os crimes da rua do Arvoredo
foram descobertos em 1894, chocando os cerca de 20 mil habitantes da
cidade. Ramos foi condenado à forca. Catarina foi internada em um
hospício, onde morreu louca. Apesar do escândalo, os crimes foram ignorados pela imprensa
da época. A história repercutiu apenas nos jornais da França e do
Uruguai. Acredita-se que o caso tenha sido abafado porque a população da
cidade queria esquecer que tinha sido transformada por Ramos em
canibal.

O caso veio à tona somente após o desaparecimento de um rico português,
apesar de várias queixas já terem sido realizadas. O delegado Dário
Callado inicia investigação, pressionado pelo poder, pois José Ramos era
seu informante, e isso denota muito contra a política da província.

Clausner foi encontrado enterrado no pátio da casa da Rua do Arvoredo, ou seja, este não foi transformado em linguiça.

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