quarta-feira, 18 de abril de 2012

  Por dentro do cérebro – Dr. Paulo Niemeyer Filho / Neurocirurgião


           Parte da entrevista da revista PODER, ao neurocirurgião Paulo
Niemeyer Filho,

           abaixo, quando lhe foi perguntado:

           O que fazer para melhorar o cérebro ?

           Resposta:


           Vc tem de tratar do espírito. Precisa estar feliz, de bem com
a vida, fazer exercício. Se está deprimido, reclamando de
tudo, com a autoestima baixa, a primeira coisa que acontece é
a memória ir embora; 90% das queixas de falta de memória são
por depressão, desencanto, desestímulo. Para o cérebro
funcionar melhor, você tem de ter alegria. Acordar de manhã e
ter desejo de fazer alguma coisa, ter prazer no que está
fazendo e ter a autoestima no ponto.

           PODER: Cabeça tem a ver com alma?

           PN: Eu acredito que a alma está na cabeça. Quando um doente
está com morte cerebral, você tem a impressão de que ele já
está sem alma... Isso não dá para explicar, o coração está
batendo, mas ele não está mais vivo. Isto comprova que os
sentimentos se originam no cérebro e não no coração.

           PODER: O que se pode fazer para se prevenir de doenças
neurológicas?

           PN: Todo adulto deve incluir no check-up uma investigação
cerebral. Vou dar um exemplo: os aneurismas cerebrais têm uma
mortalidade de 50% quando rompem, não importa o tratamento.
Dos 50% que não morrem, 30% vão ter uma sequela grave: ficar
sem falar ou ter uma paralisia. Só 20% ficam bem. Agora, se
você encontra o aneurisma num checkup, antes dele sangrar, tem
o risco do tratamento, que é de 2%, 3%. É uma doença muito
grave, que pode ser prevenida com um check-up.

           PODER: Você acha que a vida moderna atrapalha?

           PN: Não, eu acho a vida moderna uma maravilha. A vida na Idade
Média era um horror. As pessoas morriam de doenças que hoje
são banais de ser tratadas. O sofrimento era muito maior. As
pessoas morriam em casa com dor. Hoje existem remédios
fortíssimos, ninguém mais tem dor.

           PODER: Existe algum inimigo do bom funcionamento do cérebro?

           PN: Todo exagero.
           Na bebida, nas drogas, na comida, no mau humor, nas
reclamações da vida, nos sonhos, na arrogância, etc.
           O cérebro tem de ser bem tratado como o corpo. Uma coisa
depende da outra.
           É muito difícil um cérebro muito bom num corpo muito
maltratado, e vice-versa.

           PODER: Qual a evolução que você imagina para a neurocirurgia?

           PN: Até agora a gente trata das deformidades que a doença
causa, mas acho que vamos entrar numa fase de reparação do
funcionamento cerebral, cirurgia genética, que serão cirurgias
com introdução de cateter, colocação de partículas de
nanotecnologia, em que você vai entrar na célula, com
partículas que carregam dentro delas um remédio que vai matar
aquela célula doente que te faz infeliz. Daqui a 50 anos
ninguém mais vai precisar abrir a cabeça.

           PODER: Você acha que nós somos a última geração que vai
envelhecer?

           PN: Acho que vamos morrer igual, mas vamos envelhecer menos.
As pessoas irão bem até morrer. É isso que a gente espera.
Ninguém quer a decadência da velhice. Se você puder ir bem
mentalmente, com saúde, e bom aspecto, até o dia da morte,
será uma maravilha.

           PODER: Hoje a gente lida com o tempo de uma forma
completamente diferente. Você acha que isso muda o
funcionamento cerebral das pessoas?

           PN: O cérebro vai se adaptando aos estímulos que recebe, e às
necessidades. Você vê pais reclamando que os filhos não saem
da internet, mas eles têm de fazer isso porque o cérebro hoje
vai funcionar nessa rapidez. Ele tem de entrar nesse clique,
porque senão vai ficar para trás. Isso faz parte do mundo em
que a gente vive e o cérebro vai correndo atrás, se adaptando.

           Você acredita em Deus?

           PN: Geralmente depois de dez horas de cirurgia, aquele
estresse, aquela adrenalina toda, quando acabamos de operar,
vai até a família e diz:

           "Ele está salvo".

           Aí, a família olha pra você e diz:

           "Graças a Deus!".

           Então, a gente acredita que não fomos apenas nós,
           que existe algo mais, independente de religião.

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