quarta-feira, 8 de julho de 2015

Flores de Alvenaria

Dá-me tua mão amor
a madrugada tem olhos que machucam
e as ruas estão cobertas de pequenas estrelas
anunciando que o passado sombrio
caminha contra a liberdade do futuro

A neblina tem olhos que deletam
e noites sem pão nem flores
querem de novo sentarem à nossa mesa
já tão farta de antigas dores.

Corpos negros sangram nas calçadas
e enquanto o asfalto trama o fim da paz
o sangue dos famintos escorre surdo
no rap triste e nas filas dos hospitais.

No calendário os dias marcham com velhas botinas
é inverno em plena primavera, e o outono não tem fim
deixando marcas profundas em nossos corações
que sonhou ser orquídea com a mesma força do capim.

Não te larga de mim amor
entre cegos e tiranos modernos
entre rosas e espinhos
de mãos dadas tenho força pra caminhar.

O vento sopra os fantasmas para as praças
o ódio com gás é servido nas mesas dos bares
os lobos clamam  a carne da desgraça,
e sorrir já não é permitido em nossos lares.

Chama teu amigo amor
a irmã do teu irmão
a amiga do teu amigo
dos prédios altos às flores de alvenaria
chama todo mundo
seja lá quem for.

Eles não sabem que de tanto sangrar
nessa pele dura de nossas mãos calejadas
escorre vinho em nossas veias
e se servem na taça que a vida está por um triz
cantemos em nossa festa:
bora luta
bora ser feliz.

(Sérgio Vaz)

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