sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

TRISTE HISTÓRIA DE UM PROFESSOR

Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico. Pela manhã sou vice-diretor no
Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre , onde à noite leciono a
disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio. Pois bem, olha só
o que me aconteceu: estou eu dando aula para uma turma de segundo ano.
Era 21/06/11 e, talvez, "pela entrada do inverno", resolveu também ir á
aula uma daquelas "alunas-turista" que aparecem vez por outra para "fazer
uma social". Para rever os conhecidos.
Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o
conteúdo que abordávamos. ****
Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis
que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que
necessitava de bastante atenção de todos, toca o celular da aluna,
interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma idéia e
prejudicando o andamento da aula. Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela
menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse
outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali
naquela sala estavam pessoas que queriam aprender' e que o Colégio é um
local aonde se vai para estudar. Então, a "estudante" quis argumentar,
quando falei que não discutiria mais com ela. ****

Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma. A menina resolveu
ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente
de colegas. De casa, sua mãe ligou para a Escola e falou com o vice-diretor
da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que
aquilo não iria ficar assim. Em nenhum momento procurou escutar a minha
versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido
errada. Tampouco procurou a diretoria da Escola. ****

Qual passo dado pela mãe? Polícia Civil!... Isso mesmo!... tive que
comparecer no dia 13/07/11, na 8.ª (oitava Delegacia de Polícia de Porto
Alegre) para prestar esclarecimentos por ter constrangido ("?") uma
adolescente (17 anos), que muito pouco frequenta as aulas e quando o faz é
para importunar, atrapalhar seus colegas e professores'. A que ponto que
chegamos? Isso é um desabafo!... Tenho 39 anos e resolvi ser professor
porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento
e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil. ****
Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho
outras opções no mercado. Em situações como essa, enxergamos a nossa
fragilidade frente ao sistema. Como leitor da tua coluna, e sabendo que
abordas com frequência temas relacionados à educação, ''te peço,
encarecidamente, que dediques umas linhas a respeito da violência que é
perpetrada contra os professores neste país''.****
Fica cristalina a visão de que, neste país:****

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