quarta-feira, 5 de dezembro de 2012


De Simone De Carvalho

Sobre o Reality: "Um reality com mães confinadas com seu bebê. Uma casa lindamente equipada, com espaço e um prêmio tentador de 100 mil reais. Os bebês em interação uns com os outros, semelhante ao ambiente de creches e berçários que alguns provavelmente vivem diariamente, mas com uma exceção: junto de suas mães. Elas são as cuidadoras... Logo começam as intrigas, brigas, discussões... Mesclam os sentimentos, rejeitando e se incomodando com a ida ao chiqueirinho com seus bebês. Algo muito semelhante à realidade. Aos poucos elas trocam afinidades, percebem que o mundo materno é muito semelhante para todas... Audiência nacional, ficarão famosas e sus bebês exibidos como grandes troféus. Nem considero o apelo de mamadeiras e chupetas. Isso é algo normal na sociedade mesmo... Se, você tivesse a chance de ganhar 100 mil reais, estaria lá?
Se todo o contexto do Reality fosse só este, mesmo sendo motivo de muitas discussões, seria no mínimo tolerável. Refletir sobre o confinamento, a Teoria de Michael Focault, o ”Panoptismo”, a sociedade do Espetáculo, onde todos somos de alguma forma, condicionados e vigiados. Somos manipulados constantemente pelo Estado, pela Escola, pelo trabalho... Vivemos na doutrina da ordem, do cativeiro em liberdade, mas ainda totalmente oprimidos pelos ideais que nos regem, e o maior deles, o capitalismo.
A indignação é por conta da opressão do desmame, além de todos os temas abordados por “especialistas”. O comportamento na verdade faz parte da arte do confinamento. Mães enjauladas com sues filhotes estão acuadas, indefesas e obviamente um alvo fácil de ataque e controle. Assisti o vídeo sim e alguns outros, depois que me avisaram. O Educador diz: "Você não é mais o meu bebê, porque não é mesmo, é uma criança!". E a cara das mães? Acuadas tadinhas... Imposição violenta. Me deu a impressão de uma versão “ Super Nanny” de barbas... O velho discurso de que o leite não é mais para alimentar... Se desconhece completamente os benefícios emocionais e de construção emocional neste processo. Isso é chavão, senso comum, coisa de que não se aprofunda. Fala como repetição, como um papagaio.. Disse também: ."Elas querem desmamar, elas estão precisando de alguém que encoraje!". Quanta presunção e super poder não? Ele chegou na casa fazendo essa pergunta gentilmente? Não... A orientação da OMS é ATÉ OS DOIS ANOS E MEIO OU MAIS. Claro que ele falou o que pensa. E, ele é homem teórico, incapaz de vivenciar a prática, algo intocável que somente à nós mães pertence...
Meninas, não sejamos nunca ingênuas com os interesses envolvidos na mídia. Os patrocinadores estão ali, seus produtos expostos e a mensagem subliminar é a de que: continuem desmamando. Isso é lucro para nós!
 

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